quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

HAIKAI ENGRAÇADINHO
( Lembranças do natal )

Vinte cinco de
dezembro - bolhas de champanhe
em noite feliz

O regalo do
Papai noel, quem diria,
foi no bordel

Ao som
das cantilenas,
céu de renas

Sem shopping no
natal só na época
de São Nicolau

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

HAIKAI, A ARTE DA SÍNTESE

De origem japonesa, o haikai pode ser definido como sendo um registro poético de um acontecimento particular, uma impressão, um drama, uma paisagem. Refere-se ao agora do poeta de modo simples e cinematografico, com sentido completo.
Esse tipo de poesia chegou ao Brasil no inicio do século vinte e os primeiros poetas brasileiros a publicarem livros contendo apenas haikais foram Waldomiro Siqueira jr., com o livro "haikais", em 1933; Oldegar Vieira foi o segundo, com "folhas de chá", em 1940, Osorio Dutra, com "emoção", em 1945, e Abel pereira, com "colheita", em 1957.
De lá prá cá o Brasil tornou-se um dos países onde mais se pratica o haikai, cujas regras são seguidas com maior ou menor fidelidade segundo o conceito ou vontade de cada poeta; contudo, a maneira mais eficiente de aprender como funciona a sua forma é começar praticando-o no esquema tradicional para só depois experimenta-lo livremente. Além disso, o haikai, por ser a arte da síntese, nos ajuda a melhorar a capacidade de comunicação, a definir várias idéias em poucas palavras utilizando a imagem correta para o momento.

REGRAS BASICAS:

- O primeiro verso com 5 sílabas poéticas.
- O segundo com 7.
- O terceiro com 5.

O PAPEL QUE CADA VERSO EXERCE DENTRO DO HAIKAI:

- O primeiro verso exprime a permanencia, a situação
- O Segundo, insere o movimento, o elemento ativo.
- O terceiro nos dá a síntese, a percepção.

É PRECISO TAMBÉM UM CERTO ESTADO ZEN PARA UM BOM DESENVOLVIMENTO CRIATIVO NESSE PROCESSO:

- A ausencia do eu-as coisas existem sem nosso olhar e é assim que devem ser olhadas.
- Solidão-estarmos em nós mesmos, independente de à sós ou não.
- Ausencia de palavras-economia-nada que não seja necessário merece ser dito.
- Humor-os monges budistas costumavam rir de si mesmos.
- Liberdade-dos valores, dos apegos, só a liberdade cria.

O haikai, embora contemplativo e filosofico, chama a atenção também pela presença frequente do humor. Nesse caso o purismo japonês falou mais alto e logo deram um apelido aos tercetos mais "engraçadinhos" chamando-os de senryu, que na verdade nada mais é do que o proprio haikai com outro nome.
Vejam a seguir haikais de alguns autores.

Vento cortante
se esconde em meio ao bambu
e desaparece

Matsuo Bashô

Sobre a mesa posta
o olhar do peixe descansa
fitando o infinito

Zemaria Pinto

Noite molhada
na pia de pratos
chora a empregada

Roberta Valentim

Uma lua
e um lago gelado
refletem-se um ao outro

Hashimoto Takaro

Tudo dito
nada feito
fito e deito

Paulo Leminski

Zunem as moscas
a manga-rosa apodrece
no azul da fruteira

Marcia Maia

O vento rompeu
a roupinha que secava.
- Viu, mamãe, quem rasga?

Gil Nunesmaia

Que delícia
um decote aberto
com malícia

Carlos Seabra

Em matéria de vôo
tira de letra
a borboleta

Sérgio Marinho

Por desafio
vestiu-se de gueixa
amor não sentiu

Eugenia Tabosa

Postado em bostamcity.blogspot.com

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

HAIKAI ENGRAÇADINHO
( Sobre maus tratos contra animais seis haikais é pouco )

Malandro é o gato
esquiva-se da vassoura
e foge pro mato

Por tão belo
canto o rouxinol pegou
prisão perpétua

Jura singida na
boca do sapo nem é cura
nem alta costura

Perplexa no despacho
a galinha preta. Será
que viu o capeta ?

Curió na gaiola
canta sua desgraça e
encanta à quem passa

"Metido a estrela",
na farra do boi ele foge
dos convidados

terça-feira, 7 de dezembro de 2010